Eu tenho esse livro, acredito eu, a um ano, alias tenho esse e tenho "Egito dos faraós" e não queria incluí-lo nessa tarefa das 52 semanas porquê eu não acho que seja legal resenhar livro de viagem, particularmente eu adoro o gênero, inclusive já estou lendo um outro tipo de livro de viagem, mas enfim, o livro ficava me chamando, eu já sabia de antemão que iria gostar da história pois acho a Índia um país fascinante e cheguei a conclusão que eu deveria ler o que me chamava a atenção (ou o que me dava vontade), ou invés de apenas seguir uma lista (mesmo faltando  apenas duas semanas).

Expresso para a Índia é um livro escrito por Airton Ortiz, o autor é uma jornalista especializado em natureza selvagem, formado em jornalismo os mais de 13 livros do autor são utilizados em aulas de pós graduação como material de estudo já que o autor é um mestre no jornalismo de aventura (ou criador).

O livro tem uma narrativa interessante, ao mesmo tempo em que o autor conta as peripécias dele e de seu companheiro de viagem rabugento, ele mescla detalhes da história Indiana, desde os mitos da fundação do Hinduísmo a colonização britânica, a história dos marajás. Eu não vou mentir que a parte dos marajás não me interessou nem um pouco, em contrapartida a história do hinduísmo e fascinante, além é claro do próprio povo indiano, eu costumo confiar bem nesse tipo de livro no que se refere a aprender mais sobre a cultura de um país, até por isso quando encontro um autor que gosto costumo ficar lendo apenas os livros dele até encontrar um novo autor, pois isso fiquei meio ressabiado com algumas atitudes dos indiano principalmente na questão dos pequenos golpes para ganhar mais dinheiro.

O autor opta por fazer uma viagem o mais imersiva possível, se hospeda em hotéis baratos, come em restaurantes de Indianos para Indianos, e principalmente tenta ao máximo viajar nos trens na segunda classe junto com a massa mais pobre da população, isso é uma sacada genial, pois nele tem a chance de conhecer o país e suas nuances sem o filtro de turista, claro que por conta disso tanto ele quanto seu companheiro ficam doentes, No caso do autor bem doente, mas acredite ou não ao invés de correr para um hospital com medicina ocidental, ele vai em busca da medicina ayurveda, mostrando que sim ele estava de corpo e alma na imersão, e nesse ponto eu comecei a admirar o trabalho dele (ou achá-lo louco), o livro fala muito sobre a religiosidade, como ela está presente e como ela guia a vida do indiano desde o nascimento, seja na escolha da data do casamento, seja na forma como se mexe com dinheiro, ou na forma como os cidadãos das castas baixas são tratados e como são resignados com sua situação e seu papel na sociedade, que embora seja uma das mais antigas do mundo, são tão apegados a seus costumes, que chega a ser irritante.

Acho que um dos pontos que mais me fascinaram no livro foi a desmitificação de certas coisas, eu confesso que assisti toda aquela novela "Caminho das Índias", focava explicitamente na parte indiana, também sou fã de Indiana Jones, que ok se passa em uma época diferente mais um dos filmes se passa na Índia, e em ambos são estereotipados em graus diferentes, porem nesse livro diante das conversas que Ortiz teve com os Indianos, que mesmo com as dificuldades da linguagem conseguiram se fazer entender e contam histórias incríveis que deixam o autor de queixo caído.

O livro é uns 75% ótimo e 25% regular, mas foi bom o suficiente para eu continuar investindo nos demais livros do autor, até por que ele tem vários, e a grande maioria são de viagens que eu mesmo quero fazer.

Expresso para a Índia
Airton Ortiz
Ano: 2003 / Páginas: 279
Idioma: português
Editora: Record
Nota ★★★☆☆